segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Reflexão sobre o "Dia dos Pais"

Agora que já se passaram os dias de quase uma semana, sendo uma data comemorativa de relevância no nosso calendário, como "dia das mães", "dia dos namorados", "dia das crianças", etc. Cabe aqui uma reflexão fria, em face da importância sócio-econômica de que estão revestidas as datas consideradas e em particular aquela cujo enfoque nos interessa, no nosso comentário presente, o dia dos pais. Claro, eu não criticaria o comércio que embarca na oportunidade de vender mais, faturar alto em tais datas e nem censuraria os agentes publicitários por dourar a pílula dos sentimentos humanos, às vezes mais bem intencionados e honestos. Em datas como o natal, ano novo, por exemplo, as pessoas compõem o seu ritual com mais comida, mais presentes e pouca espiritualidade, até porque a mídia não se importa muito com aquela criança feita de carne e osso, como eu e você,(é o caso do "natal") mas portadora da grande mensagem de fé e esperança que surpreendeu na época um mundo pagão e caótico, marcando, também, a história do planeta com algo valioso que veio enriquecer a humanidade. Bonito é ver o dia dos pais na sua mais perfeita organização: reunião de família, presentes, depoimentos emocionados;reconciliações inesperadas, episódios dramáticos dos quais nós participamos e compartilhamos sem nos apercebermos. E nós protagonistas ou não, ficamos felizes, na fé de que nos próximos anos este mesmo dia venha nos regozijar e premiar a nossa alto-estima com a "bênção" de um novo "dia dos pais". E agora eu lhes pergunto: por justiça este bendito dia não teria que ser todo dia? - Um dia só é muito pouco para honrar o pai (como à mãe, como à namorada ou namorado)? - Como podemos justificar tal contradição?... É que pais e filhos nem sempre partilham da mesma harmonia que por natureza devia povoar o mundo deste planeta,no dia-a-dia dos relacionamentos sociais a que todos estamos sujeitos. Quero complementar, aqui, com algo poético em que Augusto dos Anjos no seu soneto célebre, A Árvore da Serra, nos narra a história dramática de um diálogo entre pai e filho, que não chegaram a um acordo sobre o que questionavam. Augusto dos Anjos, poeta clássico que viveu no início do século passado, era professor originário do estado da Paraíba. A ÁRVORE DA SERRA As árvores meu filho não têm alma E esta árvore me serve de empecilho. É preciso cortá-la, pois meu filho Para que eu tenha uma velhice calma. Meu pai por que sua ira não se acalma? Não vê que em tudo existe o mesmo brilho? Deus pôs alma no cedro, no junquilho Esta árvore, meu pai, possui minh'alma. Disse e numa rogativa: Não mate a árvore pai, para eu viva. E quando a árvore olhando a pátria serra Caiu aos golpes do machado bronco O moço, triste, se abraçou com o tronco E nunca mais se levantou da terra. (Augusto dos Anjos) PS. Os meus queridos leitores recebam o meu abraço agradecido por compartilhares comigo deste pequeno mundo de comunicação. Até breve. Hozanan.

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