Você realmente pensa e até comenta:"não gosto de poesia, ela não faz qualquer sentido para mim..." Ora, caro amigo leitor, você está certo e tem todo o direito de "não gostar de poesia", assim como há quem não goste de teatro, de dança, de música e até há quem não goste de futebol. Isso faz parte da universalidade dos gostos. O que seria do azul se todos gostassem só do vermelho? O que é importante, no caso, é você analisar com mais profundidade o que entende pelo conceito de "poesia". Antes de tudo devemos lembrar que a Poesia é um grande motivador que desenvolve a ação. O poeta não é um mero contemplador de estrelas, sol ou luar. É, antes de tudo, um determinante da energia vibrante, de um ideal sonhador porém impregnado de ação. Muitos poetas foram ardorosos revolucionários. Por exemplo, Walt Whitman (1819 - 1892) é considerado o poeta da Revolução Americana, como escreveu o poeta Paulo Leminski : "Antena de raça", o poeta capta, nos tempos de comoção social, a tremenda energia vital liberada pelas grandes transformações coletivas, em seu momento agudo, revolucionário ou insurrecional. Assim, se Maiakovski (Vladimir Maiakovski, 1893 - 1930)é o poeta da Revolução Russa, não é exagero dizer que Walt Whitman é o poeta da Revolução Americana, ocorrida uma geração (1776) antes do seu nascimento.Da revolução que expressa, a poesia de Whitman herdou todos os traços fundamentais: o libertarismo individualista, o igualitarismo antefeudal, a vitalidade inaugural do capitalismo na América, o otimismo ativista de um povo de vikings, a vertigem da abertura de inimaginadas fronteiras geográficas, econômicas e técnicas. E também emocionais, existenciais e pessoais."This is na big country". "This is a free country". Nessas frases, que decoramos em filmes de faroeste, condensa-se o essencial da ideologia que informa os versos do pai do verso livre, o pai do verso louco, o pai do verso novo.
Um amigo meu declarou, certa vez: "não gosto de poesia, não consigo identificar esta tal poesia..." Mostrei, então, a ele, que os atos do nosso dia-a-dia, dos quais tanto gostamos, não passam de pura poesia. Na exemplificação que lhe mostrei ele então reconheceu a poesia, de fato "poesia". Se bem verificar-mos muitas vezes somos verdadeiros "poetas" e nem desconfiávamos...
Cedamos a palavra versificada aos nossos focalizados poetas "revolucionários".
O PRÓPRIO SER EU CANTO
(Walt Whitman)
O próprio ser eu canto:
canto a pessoa em si, em separado
- embora use a palavra Democracia
e a expressão Massa.
Eu canto o Corpo
da cabeça aos pés:
nem só o cérebro
nem só a fisionomia
tem valor para a Musa
- digo que a Forma completa
é muito mais valiosa,
e tanto a Fêmea quanto o Macho
eu canto.
A Vida plena de paixão,
força e pulsão,
preparada para as ações mais livres
com suas leis divinas
- o Homem Moderno
eu canto.
O poema seguinte é de Maiakovski, feito ao companheiro Iessiênin, pouco antes de ele (Maiakovski) suicidar-se com um tiro na cabeça.O outro fizera-lhe um poema com o sangue colhido das veias do pulso, cortado no momento do seu suicídio:
Até logo, até logo, companheiro,
Guardo-te no meu peito, e te asseguro:
O nosso aafastamento passageiro
É sinal de um encontro futuro.
Adeus, amigo, sem mãos nem palavras.
Não faças um sobrolho pensativo.
Se morrer, nesta vida, não é novo,
Tampouco há novidade em estar vivo.
(Maiakovski)
Outro revolucionário, de poesia marcante, é Charles Baudelaire (1821 - 1867).
Nasceu e viveu na culta Paris. Seu poema, para finalizar.
O HOMEM E O MAR
(Baudelaire)
Homem livre, hás de sempre estremecer o mar!
O mar é teu espelho, e assim tu'alma sondas
Nesse desenrolar das infinitas ondas,
Pois também és um golfo amargo e singular.
Apraz-te mergulhar ao fundo de tua imagem!
Nos braços e no olhar a tens; teu coração
Às vezes se distrai da interna agitação
Ouvindo a sua queixa indômita e selvagem.
Sempre fostes os dois reservados e tredos;
Homem - ninguém sondou as tuas profundezas;
Mar - ninguém te conhece as íntimas riquezas;
Tão zelosos que sois de guardar tais segredos.
Já séculos se vão, contudo, inumeráveis
Em que lutais sem dó um combate de fortes;
E como vós amais os massacres e as mortes,
O' eternos rivais, o' irmãos implacáveis!
Até o próximo, amigos. (Hozanan).
P.S.-SOCIAL:
Ofereço a todos os amigos, leitores, quer gostem ou não da nossa Poesia.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
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